segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Confusão



Ela tem um grande coração, um coração vivo e vermelho sangue, um pouco machucado, mas ainda vive e bate fortemente pulsando frio no peito desajeitado de Lisa. Às vezes ela o sente doer, dói tão fundo de latejar a cabeça e lacrimejar os olhos, mas no fundo ela quer apenas obedecer e se livrar do chamado triste e suicida de seu coração.
            Em dias chuvosos ela ia de encontro à janela embaçada e ficava olhando e percebendo cada ato que acontecia la fora às vezes se assustava com a sombra das pessoas que passavam correndo por que não tinham tempo para ela, confundia vozes e assovios na porta, passos largos e pesados com barulho de chaves enroscada nas mãos. Ela o esperava. Era ele e mais ninguém.
E ele? Ah sim, ele não a ama João, não sabia como contar, como tocar, como a fazer sofrer um pouco menos por que isso também o mataria por dentro. Ele a quer também, mas como proteção, como alguém que ela teria para todo o sempre. Um escudo protetor que como asas a protegiam de tudo que ele achasse que a fosse ferir. Quando ele se olha no espelho lá está ela também, corpo a corpo com ele como se fosse um e são um. Ele a protege como a própria vida, mas Lisa estava longe de querer e entender isso.
            Não era assim João que ela o queria, ela o queria como se tudo na vida dela fosse aquele amor, vivia em função disso, segurava durante dias a mesma camisa que um dia ele deixara sem querer na gaveta do guarda roupas dela por aquilo naquele momento era a melhor coisa do mundo, algo que há deixava um pouco mais viva e muito mais morta. Passava noites em claro lendo livros que ela detestava por que ele gostava, escutando músicas que jamais ouvira na esperança do novo a satisfazer, ouvindo pessoas desagradáveis e sorrindo falsamente com e para elas. Tudo em que ela não gostava do que ele fizesse.
Sim João, é uma maneira estranha de aplacar a dor. Mas não é assim que funciona? Não é culpa dele não a amar do jeito intenso e viril que ela o ama, o amor que ele sente por ela é um amor de entusiasmo de harmonia e companheirismo, ele encontrou nela um poço de confiança, um porto seguro, mas não passava disso. E Lisa a cada dia ficava sem oxigênio.
            Ah ele não quer ir embora João, ele não vai a deixar seria um abandono a dois, ele quer e procura sempre estar por perto dela. O que ela não aceita, não como um bom amigo. Mas ele parece seguro e decidido de não voltar atrás o que a mata por dentro por que ele está com ela o tempo todo, mas não do jeito que ela quer ou sonhe estar. Loucura João? Talvez, mas é a função dele a proteger. Não, nenhuns dos dois sabem o que fazer ou sentir, a essa altura já devem estar despido de sentimentos, nus e sem lucidez. Mas não pensam em desistir, ela vive prontamente para lutar por ele. E ele João? Ele vive por ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário