terça-feira, 8 de maio de 2012

Cidade de Inverno

Dormi nos bancos em frente ao portão de embarque onze de congonhas, esperei o voo por quatro horas pensando no momento mágico que seria ver você, ter você. Passei frio chegando em Porto Alegre por ser desinformada, tomei um belo banho gelado de chuva, peguei o taxi errado, para o rumo certo. Emagreci seis kilos em um hotel que servia carne até no feijão. Conheci o centro de Esteio, conversei com estranhos, fui paquerada em uma lanchanote, entrei em uma padaria em vão procurando por pão de queijo. Me assustei com a primeira vez em um trem. Conheci a mulher mais linda da cidade de inverno, cidade dos sonhos, dois graus negativos. Bochechas vermelhas, pes encolhidos, fumaça quente saindo pela boca. Meus olhos nos olhos de uma menina timida demais para ser tão bela, um beijo gracioso, uma palavra chamada amor, quase não dita, um encontro despretensioso de corpos nus embaraçado em sentimentos fortes, o desconsolo do adeus, da partida não dita em palavras, nem em gestos. Conheci a mulher que me deixou sem pernas, sem ar, sem pulmão, com calor, conheci a mulher que veio para ir embora, para sair correndo, nossas almas estão no mesmo caminho, mas nunca serão atropeladas pelo mesmo trem (...)

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